Bom, minha avó tem 63 anos, tem muito mais experiência do que eu. E quando digo muito, digo muito mesmo. Ela me da os melhores conselhos e conta as melhores histórias.
Mas acho que a pela primeira vez discordo dela.
Quando eu entro num ônibus em São Paulo eu percebo pessoas confusas. Percebo gente que colocou o sapato não para atravessar mais um dia e sair feliz, mas gente que só coloca o sapato só pra caminhar pelas ruas e realizar tarefas e deveres.
O nome disso é rotina.
Eu sei, eu sei. Todo mundo precisa de uma rotina. Não da pra viver um dia de cada jeito.
Uma coisa que pouca gente sabe é que eu tenho muito medo de uma coisa: solidão. Parece bem coisa de mulherzinha. Mas é o que eu sinto. Eu tenho medo de morrer sem fazer a diferença na vida de alguém.
Se, de acordo com a vovó, eu tenho que saber o que eu sinto para fazer parte da vida de alguém, meu amigo, eu vou realmente morrer sozinha.
Eu corro atrás da felicidade todo dia, e por isso eu levo patada todo dia.
"Bárbara, o que você quer ser quando crescer?" "Escritora."
Duas possibilidades: ou a pessoa ri da minha cara, ou olha preocupada.
Duas possibilidades: ou a pessoa ri da minha cara, ou olha preocupada.
Voltando ao assunto de "ser alguém". Eu concordo com minha vó nesse aspecto. Dizem que profissões como escritores, pintores e qualquer outra profissão ligada a arte são arriscadas, que devemos algo que nos faça ser alguém.
Ah, então todas as pessoas que eu vejo na rua e não fazem o que querem são alguém? Ah, então eu prefiro ser ninguém.
Precisamos mesmo saber o que sentimos para sermos alguém. Afinal... Devemos fazer o que sentimos. Ou você prefere ser mais um sujeito que faz o que é obrigado?
Se eu escrevo é porque eu sinto. Não escrevo por obrigação.
Agora vamos para "fazer parte da vida de alguém". Se eu tenho que saber o que eu sinto pra isso, a pessoa realmente não vai me aguentar por treze segundos. Se alguém entrar no meu coração ele vai receber com o maior carinho, mas ele vai dizer "não repara na bagunça".
Enfim, não se o que sinto, não sei se sou alguém, não sei se vou fazer parte da vida de alguém.
Não sei se a rotina me agrada, não sei se vou morrer sozinha, não sei se serei escritora ou se escrever deixará de ser minha atividade favorita. Sei que quero que todo mundo responda à pergunta que a Clarice Falcão apresenta no comercial do Pão de Açúcar: "Você faz o que te faz feliz?".
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Esse texto foi mais um desabafo, obrigada por aguentarem mais um ♥. Fiz ouvindo músicas da Regina Spektor. Bom, é isso. Beijos, Bárbara Young.
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